Seus clientes estão prestes a ignorar completamente seus cartões, e a maior rede de pagamento do mundo está liderando essa mudança.
Aqui está algo que pode fazer você parar no meio do seu café da manhã: a Visa, a mesma empresa que construiu um império em transações com cartão, acaba de lançar uma plataforma no Reino Unido que deliberadamente ignora completamente os cartões. O novo serviço Visa A2A (Conta para Conta) já está no ar, em parceria com provedores de serviços bancários abertos para permitir que os clientes paguem diretamente de suas contas bancárias.
Se você administra um negócio de pagamentos internacionais, uma empresa de câmbio ou uma EMI com 5 a 50 funcionários, esta não é uma notícia apenas do setor. É uma prévia de para onde seu mercado está indo, esteja você pronto ou não.
O que a Visa realmente lançou (e por que isso importa)
De acordo com o próprio anúncio da Visa, eles estão colaborando com fintechs estabelecidas como Banked, Modulr, Moneyhub, Salt Edge e Plaid para processar pagamentos entre contas. A reviravolta? Esses pagamentos oferecem as mesmas proteções ao consumidor que as transações com cartão, sem as taxas da rede de cartões.
Pense nisso por um momento. A Visa está basicamente dizendo: “Ajudaremos seus clientes a evitar o pagamento de taxas de intercâmbio e ainda os protegeremos se algo der errado”.
Os números por trás dessa mudança são reveladores. Uma pesquisa da Innovate Finance sugere que o open banking pode liberar £ 328 bilhões em crescimento econômico ao longo de cinco anos. Quando uma empresa construída com base em taxas de transação está disposta a sacrificar a receita de curto prazo por uma fatia desse crescimento, você sabe que algo fundamental está mudando.
O Impacto Real no Seu Negócio
Seus clientes em pagamentos internacionais enfrentam uma realidade diária: taxas de intercâmbio de débito do Reino Unido limitadas a 0,2-0,3% pelo Regulador de Sistemas de Pagamento, além de custos de processamento e riscos de estorno. Agora imagine oferecer a eles uma rota que elimina completamente as taxas de intercâmbio e liquida os pagamentos instantaneamente.
Os primeiros usuários, como a Utilita e os comerciantes que usam o Checkout.com, já estão processando pagamentos Visa A2A. Eles não estão fazendo isso por diversão. Eles estão reduzindo custos, diminuindo o abandono de pagamento e minimizando disputas de estorno.
Mas é aqui que a coisa fica interessante para o seu mercado específico. A FCA exige que nove bancos líderes do Reino Unido compartilhem dados e permitam a iniciação de pagamentos por meio de parceiros PISP (Payment Initiation Service Provider) autorizados. Isso não é opcional para os bancos. Agora sua empresa pode acessar a mesma infraestrutura que a Visa está utilizando, sem precisar de uma parceria específica com a Visa.
O que você pode fazer agora mesmo
Primeiro, entenda que a integração do PISP não é tão complexa quanto parece. Os provedores regulamentados cuidam da conformidade com a FCA, das conexões de API bancária e dos requisitos da PSD2. O tempo de integração normalmente leva de 4 a 6 semanas por meio de parcerias com agências, não meses de navegação regulatória.
Comece avaliando seus fluxos atuais de pagamentos internacionais. Onde você está perdendo clientes por abandono de compra? Quais transações geram mais disputas de estorno? Esses pontos problemáticos são exatamente o que os pagamentos de conta para conta resolvem.
Em seguida, pesquise parceiros do PISP que já estejam processando em seu setor. TrueLayer, GoCardless e outros oferecem diferentes vantagens dependendo se você está focado em pagamentos B2B, assinaturas de consumidores ou transferências internacionais. Não espere até que seus concorrentes estabeleçam parcerias.
Por fim, monitore como seus maiores clientes respondem às opções de pagamento de conta para conta. A curva de adoção em serviços financeiros e serviços públicos já é íngreme. Se seus clientes corporativos começarem a solicitar esses recursos, você vai querer uma infraestrutura pronta, não promessas de desenvolvimento futuro.
O panorama geral
A iniciativa da Visa sinaliza algo além da diversificação de métodos de pagamento. Eles estão se posicionando para um futuro em que as redes de pagamento se tornarão provedoras de infraestrutura em vez de guardiãs de transações. Para MSBs como a sua, isso cria oportunidades de oferecer serviços mais sofisticados sem precisar construir tudo do zero.
A questão não é se os pagamentos entre contas ganharão força. O apoio da Visa, combinado com a pressão regulatória e a economia de custos para comerciantes, torna a adoção provável. A questão é se você oferecerá esses recursos quando seus clientes começarem a solicitá-los.
Sua próxima sessão de planejamento estratégico deve incluir um item da pauta: como as APIs de open banking podem aprimorar ou substituir sua infraestrutura de pagamento atual. Porque, embora a Visa esteja fazendo esse movimento em uma posição de força, seus concorrentes podem já estar planejando sua resposta.
As empresas que prosperarão na próxima fase de pagamentos não serão aquelas com o processamento de cartão mais sofisticado. Eles serão aqueles que reconhecerão quando o setor estiver mudando e se posicionarão adequadamente.